16.4.10

mausoléu e o sonho da ocidentalização_ankara

feita capital em 1923, sinto-a mais ocidental que a istanbul europeia. este desejo de progresso e desenvolvimento (que segundo Atatürk passava pela aproximação às culturas ocidentais), permanece ainda hoje no ideal dos turcos da capital. cidade em que o seu desenho urbano e a sua escala é bastante semelhante ao que se vé na velha europa. com os seu edifícios monumentais que foram em tempos o parlamento, ou ainda as moradias luxuosas que são agora os vários consulados, não falta no entanto a parte histórica com o seu castelo de excelência a pontuar o alto da colina de Ulus

atravessando o seu casco histórico (ligeiramente manipulado pela política do turismo) rapidamente se atinge as muralhas no cume. e aí sim, num ponto privilegiado tem-se a vista de toda a cidade. apesar de toda a profundidade que se tem pois a grandeza da cidade, facilmente o olhar se prende nas imediações, nos “gecekondular” que constituem os bairros carenciados junto às muralhas


em determinado “campo aberto”, a determinado hora: a fila se forma já há minutos sem eu perceber muito bem o que faziam mulheres e crianças sossegadamente alinhadas no meio do nada. em comum tinham a roupa suja e rota, a pele escura e o olhar cansado, a expressão impaciente e nas mãos um saco plástico

é então que o veículo branco de transporte de pão chega e dá a mercadoria


mas foi no “olímpo” do “pai dos turcos” que mais uma vez o que vivi me impressionou. sempre soube da admiração e respeito saudosista pelo Atatürk  (aka d. sebastião e o sebastianismo), mas aquilo que fazem por ele depois de morto ainda me surpreende


no cimo de uma colina, ponto visto de toda a cidade foi erigido o mausoléu para o Mustafa Kemal Atatürk. Um edifício com um presença monumental usando e abusando do melhor travertino que se encontra. no complexo para além do corpo de Atattürk (curiosamente guardado numa sala subterrânea sem acesso para turistas) existe ainda o museu: contendo os bens pessoais do dito (inclusive o seu cão embalsamado) e retratando de forma mais ou menos epopeica a guerra da independência

como no dia 10 de novembro (dia da morte de Atatürk) em que por toda a turquia às 9:05  a.m. tudo e todos param para lembrar o “ascensor do povo turco”, também no “olimpo” ao som do hino imediatamente homens, crianças, mulheres, velhos, adolescentes silenciam a grande praça, param, redireccionam o olhar para o mausoléu e partilham uma admiração comum


(1)gecekondular” – singular gecekondu, “gece” – noite  “kondu” – feito

                     Casas feitas “do dia para a noite” sem devida permissão

 

(2)Mustafa Kemal  mudou de nome em 1934 para “Atatürk” – “ata” – pai, ascensor  “türk” turcos, povo turco   . literalmente “pai dos turcos”


(3)Algumas das reformas de Atatürk:


1922 Sultanate abolished

1923 Treaty of Lausanne secured. Republic of Turkey with capital at Ankara proclaimed

1925 Dervish brotherhoods abolished. Fez outlawed by the Hat Law. Veiling of women discouraged 

1926 New civil, commercial, and penal codes based on European models adopted. New civil code ended Islamic polygamy and divorce by renunciation and introduced civil marriage. Millet system ended.

1928 New Turkish alphabet (modified Latin form) adopted. State declared secular; constitutional provision establishing Islam as official religion deleted.

1933 Islamic call to worship and public readings of the Kuran required to be in Turkish rather than Arabic.

1934 Women given the vote and the right to hold office.

1935 Sunday adopted as legal weekly holiday. State role in managing economy written into the constitution.”

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